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ISABEL FURINI

( Argentina )

Educadora e escritora,  
de nacionalidade argentina, radica no Brasil,
escreve poemas desde criança. Suas poesias foram premiadas no Brasil, na Espanha e em Portugal. Publicou 35 livros, entre eles a Coleção A Corujinha e os Filósofos da Editora Bolsa Nacional do Livro, em 2006, Joana a Coruja Filósofa e O Grande Poeta\", para o público infantil. Publicou Os Corvos de Van Gogh e  Vírgulas e Outros Silêncios (Poemas). Foi nomeada Embaixadora da Palavra pela Fundação Cesar Egido Serrano (Espanha); Embaixadora da Rima Jotabé, Espanha; recebeu Comenda Ordem de Figueiró e foi nomeada Embaixadora Internacional e Imortal da Poesia pela Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura do Brasil, em 2015. Participou de antologias na Argentina, no Brasil, no Chile e em Portugal.

"A poesia é una parte de nossa alma desenhando mistérios."

[Biografia extraída de https://sitedepoesias.com/]   

PÁGINA ABERTA -  REVISTA DE LITERATURA, ARTES E CIÊNCIAS.  2 / 2011          Diretor: Arnaldo Paiva – Editor: Rosalvo Acioli Júnior.  Maceió, Alagoas: 2011          Ex. bibl. Antonio Miranda

        Fome de formiga

Esses relógios têm unidade de raízes,
insondáveis como espectros
expulsos
das vísceras da mãe Terra,
obsessivos,
expiam-nos interminavelmente.
Espiam-nos.

Água salgada se estende além das rocas,
esse mar, esse mar
—quase um páramo de sonhos.

A paisagem aprisiona as janelas dos olhos,
água de batismo empapa as retinas,
delata tempestade marinhas na escuridão
[do inconsciente.
Assim o destino marca nossas horas
—como esses frágeis relógios de Dalí,
as horas do esquecimento e as horas que virão
até descobrirmos atônitos
que as fatais formigas não devoram um relógio
[vermelho num quadro,
devoram nossos pulmões, nossos sonhos,
nossas máscaras, nossa pseudofelicidade,
nossa subjetividade,
o queijo Camembert
e as retinas curiosas.

Essas formigas trogloditas
devoram nosso tempo e nossa história.

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Página publicada em janeiro de 2023